
Proveitoso para aqueles que pescavam, sorridentes e amigos, com mais ou menos subtíl anzol, o admirável peixe do homem corria risco de se subtrair a caminhos que não eram os seus.
Preocupado, resolveu fugir com o peixe.
Percorreu um deserto com o seu peixe multiforme debaixo do braço, encontrando, de-vez-em-quando, um telefone a tocar.
Fumava o famoso pensativo cigarro, lia mais um livro e adormecia com a cabeça sobre o peixe multicolor e sorridente.
Anacoreta, de pés e mãos atadas, sonhava com castelos no ar.
Miradouro do vazio, o deserto findou num precipício.
Despreocupado, silencioso e contemplativo, foi puxado para o alto pelo pássaro alado, que era um peixe chamado Talento.
Colecção particular
2000, grés. 163x34cm